quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Personalidade do mês de novembro

A lenda de S. Martinho



"Num dia tempestuoso ia São Martinho, valoroso soldado, montado no seu cavalo, quando viu um mendigo quase nu, tremendo de frio, que lhe estendia a mão suplicante e gelada. S. Martinho não hesitou: parou o cavalo, poisou a sua mão carinhosamente na do pobre e, em seguida, com a espada cortou ao meio a sua capa de militar, dando metade ao mendigo. E, apesar de mal agasalhado e de chover torrencialmente, preparava-se para continuar o seu caminho, cheio de felicidade.
Mas, subitamente, a tempestade desfez-se, o céu ficou límpido e um sol de Estio inundou a terra de luz e calor.
Diz-se que Deus, para que não se apagasse da memória dos homens o acto de bondade praticado pelo Santo, todos os anos, nessa mesma época, cessa por alguns dias o tempo frio e o céu e a terra sorriem com a bênção dum sol quente e milagroso.


A história de S. Martinho


S. Martinho nasceu em 316 em Panónia – Sabária (actual Hungria), filho de pagãos.
Só aos 18 anos recebeu o baptismo, na Gália. Viajou pelo oriente, onde iniciou a vida monástica (monge) e experimentou a vida de eremita numa ilha das Costas Ligurianas. Fez-se discípulo de S. Hilário Bispo de Poitiers, bispo de grande renome, e fundou no deserto de Ligugé, a 2 léguas do seu bispado, um mosteiro para onde se retirou com os seus discípulos. Foi lá que foi eleito Bispo de Tours e desenvolveu a sua vocação de Apóstolo na Evangelização aos pagãos que tinham resistido à catequese cristã a coberto da superstição e ignorância do povo.
Já bispo em Tours, Diocese que dirigiu durante 27 anos, fundou a Abadia de Marmoutier, que se tornaria centro de grande expansão missionária e civilizadora. Era para ali que se retirava para orar e fugir do mundo. Vivia com 80 monges inspirado nas regras de vida Tebaida.
Esgotado em suas forças e doente, rezava: “Senhor, se ainda sou necessário ao teu povo não me importo de sofrer. Do contrário, venha a morte!”
Morreu em 397, com 81 anos, em Tours, França.
S. Martinho é o primeiro santo, não mártir, é o primeiro confessor no Ocidente.
Na liturgia tem lugar semelhante ao dos Apóstolos por ter concluído a Evangelização nas Gálias.
Conta-se que certa vez, ainda como soldado e catecúmeno (não baptizado), vendo um pobre que tremia de frio e lhe pedia esmola, em Amieres, cortou, com a espada, a sua capa de militar e deu metade ao pobre, por amor de Cristo.
Naquela mesma noite, em sonho, apareceu-lhe Jesus, que usava a metade da capa doada ao pobre e lhe agradecia sorrindo.
A capa de S. Martinho era levada para a frente dos exércitos em tempo de guerra e nela se prégavam os sermões em tempo de paz. Símbolo da protecção que S. Martinho dispensava à França, esta capa deu o nome ao oratório que a guardava e a todos os oratórios.
As suas festas têm nome e são-lhes chamadas festas do Verão de S. Martinho.
Ao seu túmulo faziam-se peregrinações e era chamado Patrono do Mundo. Era dos Santos mais populares e, só em França, há cerca de 3600 igrejas e 485 burgos e lugares que o tomaram como patrono.
Para além de um incansável missionário, pode dizer-se que S. Martinho foi soldado por força, Bispo por dever e Monge por escolha.



Os alunos foram convidados a escrever provérbios alusivos a esta época do ano, colaborando com muito entusiasmo.


De Filmes
Os alunos do 1º ciclo também escreveram alguns provérbios...







De Filmes

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Dia Nacional da Cultura Científica


24 de novembro de 2011


Dia Nacional da Cultura Científica



O Dia Nacional da Cultura Científica, 24 de Novembro, instituído em 1997 para comemorar o nascimento de Rómulo de Carvalho e divulgar o seu trabalho na promoção da cultura científica e no ensino da ciência, celebra-se durante esta semana.
Assinale a Semana da Ciência e da Tecnologia 2011 na sua agenda e visite a exposição que estará patente no hall do Convento de São Francisco de 21 a 26 de novembro de 2011.
Divulgue nas suas aulas a poesia e o trabalho de Rómulo de Carvalho = António Gedeão (pseudónimo).

Material usado para divulgação:






Biografia de António Gedeão
"Diz a minha mãe que eu comecei a fazer versos aos 5 anos e aos 10 tive a comoção de ver os primeiros impressos e públicos.
Escrever poemas foi sempre para mim um estado de angústia, um sofrimento autêntico. Amorteci todo esse sofrimento durante anos até ao dia em que por motivos dolorosos me desfiz dele por completo na ingénua presunção de que me atrapalhava. Sobre isso passaram vinte anos.
Após eles... tive trágica conversa comigo mesmo, a sós, e resolvi nascer de novo."
Carta a Jorge de Sena, de 29-12-1963

Professor de Química e Física, poeta, investigador, historiador, escritor, fotógrafo, pintor e ilustrador, Rómulo Vasco da Gama de Carvalho, filho de um funcionário dos correios e telégrafos, José Avelino da Gama de Carvalho e de uma dona de casa, Rosa das Dores Oliveira Gama de Carvalho, que tinha como grande paixão a literatura apesar de contar somente com a instrução primária, nasceu a 24 de Novembro de 1906 na Rua do Arco do Limoeiro (hoje Rua Augusto Rosa) na lisboeta freguesia da Sé. Aí cresceu, juntamente com as irmãs, numa casa modesta e num ambiente familiar tranquilo.
A sua mãe tendo uma grande paixão pela literatura transmitiu esse sentimento ao seu filho Rómulo, assim batizado em honra do protagonista de um drama lido num folhetim de jornal. Responsável por uma certa atmosfera literária que se vivia em sua casa, é ela que, através dos livros comprados em fascículos, vendidos semanalmente pelas casas, ou, mais tarde, requisitados nas livrarias Portugália ou Morais, inicia o filho na arte das palavras. Desta forma Rómulo toma contacto com os mestres - Camões, Eça, Camilo e Cesário Verde, o preferido - e conhece As Mil e Uma Noites, obra que viria a considerar uma da suas bíblias.
Criança precoce, aos 5 anos escreve os primeiros poemas e aos 10 decide completar "Os Lusíadas" de Camões. No entanto, a par desta inclinação flagrante para as letras, quando, ao entrar para o liceu Gil Vicente, toma pela primeira vez contacto com as ciências, desperta nele um novo interesse, que se vai intensificando com o passar dos anos e se torna predominante no seu último ano de liceu.
Este fator será decisivo para a escolha do caminho a tomar no ano seguinte, aquando da entrada na Universidade, pois, embora a literatura o tenha acompanhado durante toda a sua vida, não se mostrava a melhor escolha para quem, além de procurar estabilidade, era extremamente pragmático e se sentia atraído pelas ciências justamente pelo seu lado experimental. Desta forma, a escolha da área das ciências, apesar de não ter sido fácil, dá-se.
E assim, enquanto Rómulo de Carvalho estuda Ciências Físico-químicas na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, as palavras ficam guardadas para quando, mais tarde, surgir alguém que dará pelo nome de António Gedeão.
Em 1932, um ano depois de se ter licenciado, forma-se em ciências pedagógicas na faculdade de letras da cidade invicta, prenunciando assim qual será a sua atividade principal daí para a frente e durante 40 anos - professor e pedagogo.
Começando por estagiar no liceu Pedro Nunes e ensinar durante 14 anos no liceu Camões, Rómulo de Carvalho é, depois, convidado a ir lecionar para o liceu D. João III, em Coimbra, permanecendo aí até, passados oito anos, regressar a Lisboa, convidado para professor metodólogo do grupo de Físico-Químicas do liceu Pedro Nunes.
Exigente, comunicador por excelência, para Rómulo de Carvalho ensinar era uma paixão. Tal como afirmava sem hesitar, ser Professor tem de ser uma paixão - pode ser uma paixão fria mas tem de ser uma paixão. Uma dedicação. E assim, além da colaboração como codirector da "Gazeta de Física" a partir de 1946, concentra, durante muitos anos, os seus esforços no ensino, dedicando-se, inclusive, à elaboração de compêndios escolares, inovadores pelo grafismo e forma de abordar matérias tão complexas como a física e a química. Dedicação estendida, a partir de 1952, à difusão científica a um nível mais amplo através da coleção Ciência Para Gente Nova e muitos outros títulos, entre os quais Física para o Povo, cujas edições acompanham os leigos interessados pela ciência até meados da década de 1970. A divulgação científica surge como puro prazer - agrada-lhe comunicar, por escrito e com um carácter mais amplo, aquilo que, enquanto professor, comunicava pela palavra.

A dedicação à ciência e à sua divulgação e história não fica por aqui, sendo uma constante durante toda a sua a vida. De facto, Rómulo de Carvalho não parou de trabalhar até ao fim dos seus dias, deixando, inclusive trabalhos concluídos, mas por publicar, que por certo vêm engrandecer, ainda mais, a sua extensa obra científica.
Apesar da intensa atividade científica, Rómulo de Carvalho não esquece a arte das palavras e continua, sempre, a escrever poesia. Porém, não a considerando de qualidade e pensando que nunca será útil a ninguém, nunca tenta publicá-la, preferindo destruí-la.
Só em 1956, após ter participado num concurso de poesia de que tomou conhecimento no jornal, publica, aos 50 anos, o primeiro livro de poemas Movimento
Perpétuo. No entanto, o livro surge como tendo sido escrito por outro, António Gedeão, e o professor de física e química, Rómulo de Carvalho, permanece no anonimato a que se votou.
O livro é bem recebido pela crítica e António Gedeão continua a publicar poesia, aventurando-se, anos mais tarde, no teatro e depois, no ensaio e na ficção.

A obra de Gedeão é um enigma para os críticos, pois além de surgir, estranhamente, só quando o seu autor tem 50 anos de idade, não se enquadra claramente em qualquer movimento literário. Contudo o seu enquadramento geracional leva-o a preocupar-se com os problemas comuns da sociedade portuguesa, da época.
Nos seus poemas dá-se uma simbiose perfeita entre a ciência e a poesia, a vida e o sonho, a lucidez e a esperança. Aí reside a sua originalidade, difícil de catalogar, originada por uma vida em que sempre coexistiram dois interesses totalmente distintos, mas que, para Rómulo de Carvalho e para o seu "amigo" Gedeão, provinham da mesma fonte e completavam-se mutuamente.
A poesia de Gedeão é, realmente, comunicativa e marca toda uma geração que, reprimida por um regime ditatorial e atormentada por uma guerra, cujo fim não se adivinhava, se sentia profundamente tocada pelos valores expressos pelo poeta e assim se atrevia a acreditar que, através do sonho, era possível encontrar o caminho para a liberdade. É deste modo que "Pedra Filosofal", musicada por Manuel Freire, se torna num hino à liberdade e ao sonho. E, mais tarde, em 1972, José Nisa compõe doze músicas com base em poemas de Gedeão e produz o álbum "Fala do Homem Nascido".


O professor Rómulo de Carvalho, entretanto, após 40 anos de ensino, em 1974, motivado em parte pela desorganização e falta de autoridade que depois do 25 de Abril tomou conta do ensino em Portugal decide reformar-se. Exigente e rigoroso, não se conforma com a situação. Nessa altura é convidado para lecionar na Universidade mas declina o convite.
Incapaz de ficar parado, nos anos seguintes dedica-se por inteiro à investigação publicando numerosos livros, tanto de divulgação científica, como de história da ciência. Gedeão também continua a sonhar, mas o fim aproxima-se e o desejo de morrer determina, em 1984, a publicação de Poemas Póstumos.
Em 1990, já com 83 anos, Rómulo de Carvalho assume a direção do Museu Maynense da Academia das Ciências de Lisboa, sete anos depois de se ter tornado sócio correspondente da Academia de Ciências, função que desempenhará até ao fim dos seus dias.

Quando completa 90 anos de idade, a sua vida é alvo de uma homenagem a nível nacional. O professor, investigador, pedagogo e historiador da ciência, bem como o poeta, é reconhecido publicamente por personalidades da política, da ciência, das letras e da música.
Infelizmente, a 19 de Fevereiro de 1997 a morte leva-nos Rómulo de Carvalho. Gedeão, esse já tinha morrido alguns anos antes, aquando da publicação de Poemas Póstumos e Novos Poemas Póstumos.
Avesso a mostrar-se, recolhido, discreto, muito calmo, mas ao mesmo tempo algo distante, homem de saberes múltiplos e de humor subtil, Rómulo de Carvalho que nunca teve pressa, mas em vida tanto fez, deixa, em morte, uma saudade imensa da parte de todos quantos o conheceram e à sua obra.


Poema do coração





"Eu queria que o Amor estivesse realmente no coração,
e também a Bondade,
e a Sinceridade,
e tudo, e tudo o mais, tudo estivesse realmente no coração
Então poderia dizer-vos:
"Meus amados irmãos,
falo-vos do coração",
ou então:
"com o coração nas mãos".
Mas o meu coração é como o dos compêndios
Tem duas válvulas (a tricúspide e a mitral)
e os seus compartimentos (duas aurículas e dois ventrículos).
O sangue a circular contrai-os e distende-os
segundo a obrigação das leis dos movimentos.
Por vezes acontece
ver-se um homem, sem querer, com os lábios apertados
e uma lâmina baça e agreste, que endurece
a luz nos olhos em bisel cortados.
Parece então que o coração estremece.
Mas não.
Sabe-se, e muito bem, com fundamento prático,
que esse vento que sopra e ateia os incêndios,
é coisa do simpático.
Vem tudo nos compêndios.
Então meninos!
Vamos à lição!
Em quantas partes se divide o coração?"


Estrela da Manhã




Numa qualquer manhã, um qualquer ser,
vindo de qualquer pai,
acorda e vai.
Vai.
Como se cumprisse um dever.

Nas incógnitas mãos transporta os nossos gestos;
nas inquietas pupilas fermenta o nosso olhar.
E em seu impessoal desejo latejam todos os restos
de quantos desejos ficaram antes por desejar.

Abre os olhos e vai.

Vai descobrir as velas dos moinhos
e as rods que os eixos movem,
o tear que tece o linho,
a espuma roxa dos vinhos,
incêncio na face jovem.

Cego, vê, de olhos abertos.
Sozinho, a multidão vai com ele.
Bagas de instintos despertos
ressuma-lhe à flor da pele.

Vai, belo monstro.
Arranca
as florestas com os teus dentes.
Imprime na areia branca
teus voluntariosos pés incandescentes.

Vai

Segue o teu meridiano, esse,
o que divide ao meio teus hemisférios cerebrais;
o plano de barro que nunca endurece,
onde a memória da espécie
grava os sonos imortais.

Vai

Lábios húmidos do amor da manhã,
polpas de cereja.
Desdobra-te e beija
em ti mesmo a carne sã.

Vai

À tua cega passagem
a convulsão da folhagem
diz aos ecos
«tem que ser».

O mar que rola e se agita,
toda a música infinita,
tudo grita
«tem que ser».

Cerra os dentes, alma aflita.
Tudo grita
«Tem que ser».




Lágrima de preta




Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.

Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.

Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:

Nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.


Mãezinha




A terra de meu pai era pequena
e os transportes difíceis.
Não havia comboios, nem automóveis, nem aviões, nem misséis.
Corria branda a noite e a vida era serena.

Segundo informação, concreta e exacta,
dos boletins oficiais,
viviam lá na terra, a essa data,
3023 mulheres, das quais
45 por cento eram de tenra idade,
chamando tenra idade
à que vai do berço até à puberdade.

28 por cento das restantes
eram senhoras, daquelas senhoras que só havia dantes.
Umas, viúvas, que nunca mais (oh! nunca mais!) tinham sequer sorrido
desde o dia da morte do extremoso marido;
outras, senhoras casadas, mães de fiilhos…
(De resto, as senhoras casadas,
pelas suas próprias condições,
não têm que ser consideradas
nestas considerações.)

Das outras, 10 por cento,
eram meninas casadoiras, seriíssimas, discretas,
mas que por temperamento,
ou por outras razões mais ou menos secretas,
não se inclinavam para o casamento.

Além destas meninas
havia, salvo erro, 32,
que à meiga luz das horas vespertinas
se punham a bordar por detrás das cortinas
espreitando, de revés, quem passava nas ruas.

Dessas havia 9 que moravam
em prédios baixos como então havia,
um aqui, outro além, mas que todos ficavam
no troço habitual que o meu pai percorria,
tranquilamente no maio sossego, às horas em
que entrava e saía do emprego.

Dessas 9 excelentes raparigas
uma fugiu com o criado da lavoura;
5 morreram novas, de bexigas;
outra, que veio a ser grande senhora,
teve as suas fraquezas mas casou-se
e foi condessa por real mercê;
outra suicidou-se
não se sabe porquê.

A que sobeja
chama-se Rosinha.
Foi essa que o meu pai levou à igreja.
Foi a minha mãezinha.


Tempo de Poesia




Todo o tempo é de poesia

Desde a névoa da manhã
à névoa do outo dia.

Desde a quentura do ventre
à frigidez da agonia

Todo o tempo é de poesia

Entre bombas que deflagram.
Corolas que se desdobram.
Corpos que em sangue soçobram.
Vidas qua amar se consagram.

Sob a cúpula sombria
das mãos que pedem vingança.
Sob o arco da aliança
da celeste alegoria.

Todo o tempo é de poesia.

Desde a arrumação ao caos
à confusão da harmonia.





Lição sobre a água




Este líquido é água.
Quando pura
é inodora, insípida e incolor.
Reduzida a vapor,
sob tensão e alta temperatura,
move os êmbolos das máquinas que, por isso,
se denominam máquinas a vapor.
É um bom dissolvente.
Embora com exceções mas de um modo geral,
dissolve tudo bem, ácidos, bases e sais.
Congela a zero graus centesimais
e ferve a 100, quando à pressão normal.
Foi neste líquido que numa noite cálida de Verão,
sob um luar gomoso e branco de camélia,
apareceu a boiar o cadáver de Ofélia
com um nenúfar na mão.







Recolhi as tuas lágrimas
na palma da minha mão,
e mal que se evaporaram
todas as aves cantaram
e em bandos esvoaçaram
em tomo da minha mão.
Em jogos de luz e cor
tuas lágrimas deixaram
os cristais do teu amor,
faces talhadas em dor
na palma da minha mão.






Resolvi andar na rua
com os olhos postos no chão.
Quem me quiser que me chame
ou que me toque com a mão.
Quando a angústia embaciar
de tédio os olhos vidrados,
olharei para os prédios altos,
para as telhas dos telhados.
Amador sem coisa amada, .
aprendiz colegial.
Sou amador da existência,
não chego a profissional.







Meu coração é máquina de fogo,
luz de magnésio, floresta incendiado.
Combustar-se é o seu próprio desafogo.
Arde por tudo, inflama-se por nada.




Máquina do Mundo




O Universo é feito essencialmente de coisa nenhuma.
Intervalos, distâncias, buracos, porosidade etérea.
Espaço vazio, em suma.
O resto, é a matéria.
Daí, que este arrepio,
este chamá-lo e tê-lo, erguê-lo e defrontá-lo,
esta fresta de nada aberta no vazio,
deve ser um intervalo.


Arma Secreta




Tenho uma arma secreta
ao serviço das nações.
Não tem carga nem espoleta
mas dispara em linha recta
mais longe que os foguetões.
Não é Júpiter, nem Thor,
nem Snark ou outros que tais.
É coisa muito melhor que todo o vasto teor
dos Cabos Canaverais.
A potência destinada
às rotações da turbina
não vem da nafta queimada,
nem é de água oxigenada
nem de ergóis da furalina.
Erecta, na torre erguida,
em alerta permanente,
espera o sinal da partida.
Podia chamar-se VIDA.
Chama-se AMOR, simplesmente.







Como será estar contente?
Lançar os olhos em volta,
moderado e complacente,
e tratar com toda a gente
sem tristeza nem revolta?
Sentir-se um homem feliz,
satisfeito com o que sente,
com o que pensa e com o que diz?
Como será estar contente?



Catedral de Burgos

A catedral de Burgos tem trinta metros de altura
E as pupilas dos meus olhos dois milímetros de abertura.
Olha a catedral de Burgos com trinta metros de altura!



Pedra Filosofal



Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.

In Movimento Perpétuo, 1956

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Autor de Novembro 2011




Hergé


Georges Prosper Remi, mais conhecido por Hergé, nasceu em Etterbeek, perto de Bruxelas na Bélgica, a 22 de maio de 1907. Foi um desenhista belga e um dos maiores cartunistas da Europa.
O primeiro desenho é publicado em uma revista para escoteiros: Le Boy-Scout Belge. Em 1924 começa a assinar seus quadrinhos com o pseudônimo de Hergé. Um ano depois, trabalha como contador na revista Le Vingtième Siècle, até assumir, na publicação, a direção de um suplemento para escoteiros.
Cria, então, o personagem Tintim (1929), escoteiro e repórter que, acompanhado de seu cão Milu, vive aventuras em várias partes do mundo. Hergé pesquisa cuidadosamente os países que usa como cenário de suas histórias e monta uma rica galeria de personagens: o capitão-de-mar Haddock, que adora beber e praguejar, o Professor Girassol, genial e surdo como uma porta, os detetives gêmeos Dupont e Dupond.





Em 1932 casa-se com Germaine Kieckens, secretária da revista Le Vingtième Siècle. Quando a Alemanha invade a Bélgica durante a II Guerra Mundial (1939-1945), a revista desaparece, mas Hergé consegue publicar os seus desenhos no Le Soir, um dos poucos jornais autorizados a circular pelos nazistas.

E m 1946 é lançada a revista Tintin Magazine. Em 1960, Tintin vai para o cinema com o filme Mystery of the Golden Fleece e em 1964 aparece em Tintin e as Laranjas Azuis. Hergé desenha as aventuras de Tintin até morrer, em Bruxelas a 3 de Março de 1983.

Tintim volta este mês aos cinemas do nosso país com “As aventuras de Tintim e o segredo do Licorne” realizado por Steven Spielberg e Peter Jackson.



Concurso - TINTIM

TINTIM na
EB 2, 3 de Trancoso

Imagina que participas num concurso para seres o próximo autor da Banda Desenhada do Tintim. Desenha a capa do livro, dá-lhe um título e ganha um prémio!

(Entregar o desenho até dia 15 de Novembro na Biblioteca)

Deve ser uma capa original.



Quem sabe?


Resposta ao Quem sabe?


Qual é o cúmulo para um livro?




Caírem-lhe as folhas no Outono.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

HALLOWEEN 2011

31 de outubro de 2011


Vem à biblioteca e veste-te de bruxinha!!!



Nesta atividade realizada a 31 de Outubro, os alunos usaram a roupa da bruxa e tiraram uma foto que foi divulgada no hall da biblioteca. Foi divertido porque todas as bruxinhas tinham o mesmo chapéu e um vestidinho em cartolina. Muitos deram assim o seu rosto à bruxinha.

Conhecem esta "bruxinha"?






Exposição de Abóboras


No hall de entrada da escola fez-se uma exposição de abóboras. Ficaram muito bonitas!

Foreign Languages Corner

Há um cantinho na biblioteca onde encontras passatempos da lígua inglesa e da lingua francesa:

Participa!

Este concurso irá realizar-se ao longo do ano!

domingo, 13 de novembro de 2011

Autor do mês de Outubro - João Aguiar


Quem já leu outras aventuras do Bando dos Quatro sabe que o Carlos, a Catarina, o Álvaro e o Frederico costumam ir ao snack-bar do Silva. O Silva tem lá uma mesa de matraquilhos com que eles se entretêm: não só fazem jogos; fazem verdadeiros campeonatos! Há outros passatempos, mais modernos, mas os nossos amigos gostam daquele – já estão habituados. Ora, a uma certa altura, os matraquilhos deixam de funcionar. O Silva tenta repará-los e vê que não há nada de anormal… mas, no dia seguinte, acontece a mesma coisa! Claro, o Álvaro anuncia logo que aqueles matraquilhos se tornaram mágicos… Será verdade? Entretanto, a estalagem dos pais da Catarina é assaltada durante a noite, mas os ladrões, aparentemente, não roubam nada… E depois, um banco é também assaltado… E os nossos heróis têm de resolver toda esta confusão!

Implantação da República - 5 de outubro

segunda-feira, 7 de novembro de 2011


Mês das Bibliotecas Escolares





Os livros


Apetece-me chamar-lhes irmãos,
tê-los ao colo,
afagá-los com as mãos,
abri-los de par em par,
ver o Pinóquio a rir
e o Dom Quixote a sonhar,
e a Alice do outro lado
do espelho a inventar
um mundo de assombros
que dá gosto visitar.
Apetece chamar-lhes irmãos
e deixar brilhar os olhos
nas páginas das suas mãos.




José Jorge Letria
Poemas de hoje e de ontem




Os livros são esconderijos
onde as palavras engalanadas

se preparam para a festa
das coisas enamoradas
pelo mistério de quem conta
mesmo sabendo que, ao contar,
a história nunca está pronta
porque em cada recanto do texto
há sempre algo que desponta,
só para nos encantar.

José Jorge Letria
Ler doce ler

Quem sabe?


Qual é o cúmulo para um livro?

domingo, 6 de novembro de 2011

VIVA O




A nova equipa da Biblioteca Escolar deseja a todos boas leituras.

Há livros novos!


As gémeas Teresa e Luísa, o Pedro, o Chico e o João inscrevem-se num programa de verão e são selecionados para ajudarem a organização de um grande concerto realizado, nada mais, nada menos, que na ilha de Timor! E, como acontece de cada vez que estão juntos, os mistérios e sobressaltos surgem em catadupa! Quem se esconderá verdadeiramente por trás da cabeleira excêntrica de Mik Ado? E King Kong, será apenas nome de filme antigo ou prenúncio de uma nova ameaça? Viaja connosco e com os teus amigos de sempre para o país dos extremos, n'Uma Aventura onde histórias do quotidiano se misturam com lagartos que dão sorte e pós mágicos da invisibilidade!


É a noite do famoso Festival Lua Azul - o dia mais smurfante do ano - e todos estão entusiasmados com esta comemoração! Mas, infelizmente, o Trapalhão faz uma pequenina asneira que vai conduzir o feiticeiro Gargamel até à aldeia dos Smurfs na véspera do festival! Os Smurfs desatam a fugir, mas a magia da Lua Azul cria um portal no chão e eles caem todos nele, indo parar a um novo universo muito estranho, juntamente com o Gargamel e o seu gato, Azrael. Felizmente, os Smurfs encontram a simpática família Winslow, que os vai ajudar a sobreviver na grande cidade de Nova Iorque. Mas poderá o Grande Smurf smurfar uma Lua Azul e levar os Smurfs de volta a casa antes que o Gargamel os apanhe?